domingo, fevereiro 24, 2008

NÓS CONSEGUIMOS!

Changing Place, Changing Time, Changing Thoughts, Changing Future
Maurizio Nannucci, no The Peggy Guggenheim Collection, em Veneza

Yes We Can! (1) (Nós Conseguimos), este vídeo, visto por milhões e milhões de pessoas por todo o mundo, tornou-se um cântico de esperança. Chamem-lhe o que quiserem mas é um afro-americano de apelido Hussein que está a estilhaçar todo o universo conceptual político contemporâneo. Barack Obama (2), desde a Super Terça-Feira, 5 de Fevereiro, vai na décima vitória consecutiva nas primárias estaduais dos democratas americanos, deixando Hillary Clinton e o status quo americano em estado de choque. Stand For a Change! (Defende a mudança!), as palavras que sustentam o projecto de mudança invadem os corações cansados dos americanos e fascinam todo o mundo, tornando, de novo, as eleições americanas como uma causa nossa. O candidato à nomeação democrata para a eleição à presidência dos Estados Unidos da América, consegue o que há muito não se via. Uma mobilização extraordinária para além dos tradicionais eleitores. Obama colhe onde o deserto se instalara. Jovens, independentes e primeiros votantes, além da classe média-alta com habilitações superiores, são os seus principais aliados numa América em catarse, política, económica e socialmente, após os dois mandatos de Bush. Neste momento, já consegue a maioria dos votos das mulheres e da classe média-baixa, invertendo a tendência favorável a Clinton de há, apenas, um mês atrás. O lastro intelectual do candidato dá-lhe muito mais do que simples retórica populista. The fierce urgency of now! (A urgência do momento), palavras de Martin Luther King, que gosta de lembrar, impõem uma acção, uma atitude, perante uma conjuntura de dificuldade. O novo sonho americano para o século XXI, projectado nesta corrida, começou em 2004 quando um jovem afro-americano se dirige a milhares de congressistas democratas na eleição de John Kerry para a corrida à Casa Branca (3). A importância de mostrar que é o indivíduo quem tem a última palavra para a mudança, desde que acredite em si, a defesa intransigente da liberdade individual para procurar a sua felicidade, encaixa na perfeição no quadro valorativo dos Estados Unidos. O americano comum não espera que seja o Governo a resolver a sua vida. É esta a verdadeira tradição americana. Obama, e a sua equipa, souberam ir às fundações da sociedade para encontrar a corrente que faz passar uma mensagem que faz esquecer a ortodoxia da experiência.
Não sou “Obamaníaco”, (esta será uma eleição ganha/ganha para o lado democrata pois Hillary Clinton, também como mulher, é portadora de mudança) mas acredito em muito do que o Senador do Illinois está a dizer à América e ao mundo: que é a ousadia da esperança, (“The audacy of Hope - Thoughts on Reclaiming the American Dream”, é o best-seller da sua autoria) (4) que continua a mover as entranhas da Humanidade. Yes We Can Change! Sim, cada um de nós, pode mudar os Açores, mas tem de ousar e acreditar nessa mudança.

(1) http://www.youtube.com/watch?v=jjXyqcx-mYY
(2) http://www.barackobama.com/
(3)http://www.americanrhetoric.com/speeches/convention2004/barackobama2004dnc.htm
(4)http://www.amazon.com/Audacity-Hope-Thoughts-Reclaiming-American/dp/0307237699

Sé, 20 de Fevereiro de 2008

domingo, fevereiro 10, 2008

EFEITO BORBOLETA

Efeito borboleta é um termo que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. Segundo a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo.
Um bater de asas de borboleta na saúde financeira dos EUA provocou um ciclone na Europa. Um número significativo de Bolsas regista já variações acumuladas negativas desde o início do ano e a crise estende-se um pouco a todos os mercados e latitudes.
Boris Tadic, reeleito no Domingo passado, Presidente da Sérvia, favorece a assinatura de um acordo de adesão com a União Europeia, como um prelúdio para reconhecer a independência do Kosovo. Os meios de comunicação ocidentais dizem que se Nikolic tivesse sido eleito seria, um regresso ao isolamento e à instabilidade sentidos nos Balcãs, e que afectou toda a Europa, na década dos anos 1990.
John McCain, pelos republicanos, e Hillary Clinton, pelos democratas, deram na super terça-feira um passo importante para obterem a nomeação dos respectivos partidos à sucessão de George Bush. MacCain defende a manutenção de forças militares americanas no Iraque e Clinton a sua retirada.
No dia seguinte a sondagens em França anunciarem uma queda de 13% na popularidade de Nicolas Sarkosy, por causa de demasiada exposição da vida privada no seu relacionamento com Carla Bruni, o presidente francês assume medidas de proteccionismo para a indústria francesa não escondendo que está disposto a "meter dinheiro do Estado" para recuperar o domínio industrial da França.
No fim-de-semana, os combates no Chade, fizeram mil feridos e provocaram o êxodo de entre 15 mil a 30 mil pessoas para os Camarões e cerca de três mil pessoas para a Nigéria, segundo o Comité Internacional da Cruz Vermelha. O primeiro-ministro do Chade acusou a Líbia de ter «apoiado» e «armado» os rebeldes chadianos vindos do Sudão. O Governo líbio tem, actualmente, 123 mil milhões de euros disponíveis para investir e exortou os empresários portugueses a aproveitarem essa oportunidade.
Vinte pessoas morreram, a maioria etíopes, e 80 ficaram feridas na sequência de duas explosões ocorridas terça-feira à noite no nordeste da Somália. Tropas etíopes estão actualmente a reforçar um governo apoiado pelas Nações Unidas no Sul da Somália que expulsou a União dos Tribunais Islâmicos, grupo radical que havia tomado o controle de boa parte do sul do país.
O presidente venezuelano, Hugo Chavez, propôs aos restantes membros da OPEP duplicar o preço do barril de petróleo aos países ricos e vendê-lo a 5 dólares aos países pobres.
O Presidente russo considerou "interessante" a proposta iraniana de uma "OPEP do gás", o que causa inquietação na União Europeia. A Rússia é o primeiro produtor de gás natural, com 650 mil milhões de metros cúbicos anuais, e o principal exportador para a UE.
A globalização é um dos maiores mitos actuais e os “globalistas” têm vendido a ideia de que o Planeta é plano. Contudo, recentes estudos, confirmam que essa visão tem sido largamente sobrestimada. Segundo Pankaj Ghemawat, professor da Harvard Business School, e um dos gurus de estratégia a nível mundial, há uma tendência para sobrestimar os níveis de globalização na ordem do triplo do peso real. Impressionante, não? Concretizando, a maioria dos níveis de globalização num conjunto vasto de indicadores económicos é inferior a 10% com excepção do peso das exportações das mercadorias e serviços no PIB mundial que ronda os 27%, mas que apenas subiu nos últimos 8 anos, cerca de 8%.
Por isso fala de um processo de semiglobalização e defende no seu livro, Redifining Global Strategy, que os gestores/políticos têm de perceber e dominar as diferenças reais e não decidir de acordo com a sua concepção do mundo idealizado. O mundo está cada vez mais perigoso e sem espaço para sonhadores…

Sé, 6 de Fevereiro de 2008